sábado, 28 de fevereiro de 2015

Comprando o livro pela capa: Soumission

No final de 2014 começaram a circular na Françacomentários sobre o novo livro de Michel Houellebecq, dizendo que seria mais uma obra provocatória onde o controverso escritor francês estaria novamente atacando o islamismo. Fiquei curioso  aguardando o livro, os funestos adventos ocorridos em Paris não afetaram minha decisão de leitura de nenhuma maneira.
Do que se trata o livro: em 2022 o partido socialista francês fragilizado após dois mandatos de Hollande é ultrapassado por um novo partido, muçulmano, que vai ao segundo turno das eleições contra Marine Le Pen, com a vitoria dos muçulmanos a França torna-se um pais "árabe".
Enquanto esses fatos se desenrolam no livro vamos acompanhando a vida de François, um professor universitário especializado em Huysman que dá aulas na Sorbonne.
Soumission é um livro tipico de Michel Houellebecq, para começar temos nosso personagem François que poderia estar em La carte et e le territoire ou em Plateforme, ele têm todas as características dos outros personagens, um sujeito mediano, que não consegue se relacionar com as mulheres, que não possui praticamente vida social e que pelo acaso é posto numa situação especial.
Assim como em seus seus outros livros, Houellebecq, utiliza sem muitos escrúpulos pessoas reais como personagens de seus livros, assim em Soumission temos Hollande, Marie Le Pen, Manuel Valls entre outros políticos franceses que passam pelas paginas do livro lado a lado com personagens fictícios.
Dizer que a leitura é agradável num livro de Houellebecq é um pouco de exagero, mas ela flui facilmente e eu fiquei envolvido para ver que fim teria François.
Pondo o livro contra a realidade achei os argumentos muito fracos, após a vitoria eleitoral dos muçulmanos, eles mudam o sistema politico, o sistema econômico e viram a França de cabeça para baixo sem haver nenhuma oposição. Acreditar que os franceses, e principalmente as francesas, iriam abrir mão de todas as suas conquistas sociais assim sem nem mesmo um sinal de protesto e muito que forçado, ocorreu uma eleição acirrada e no dia seguinte após algumas medidas radicais não existe mais oposição e muita forçação de barra, mas e o que esperamos sempre de Houllebecq, provocação.
Pessoalmente não achei o livro uma afronta contra o Islam e sim uma provocação contra os franceses (é principalmente as francesas) sobrando um pouquinho de maldade também para os outros países europeus.

Um pouquinho do que se falou sobre o livro:
http://www.telerama.fr/livre/ecoutez-un-extrait-de-soumission-de-michel-houellebecq-lu-par-fabienne-bussaglia,121179.php
http://www.metronews.fr/culture/soumission-de-michel-houellebecq-ni-bete-ni-mechant-ni-dangereux-le-livre-polemique-a-plutot-plu-a-la-redaction/moav!4o6jyMeZOdH1M/
http://www.vanityfair.fr/culture/livre/articles/soumission-de-michel-houellebecq-ou-lislam-pour-tous/23394
http://www.liberation.fr/livres/2015/01/06/michel-houellebecq-et-le-cas-soumission_1174350